Poesia Cubo-futurista: Mayaokvsky



Cartaz de Maiakóvski onde se lê: “Ucranianos e russos gritam – Não haverá senhor sobre o trabalhador, Milorde!”

Vladimir Vladimirovitch Mayakovsky (1893-1930) é o principal expoente da literatura cubofuturista russa. Seus versos fragmentados e suas construções metafóricas captaram a inquietude do período russo, trazendo a resistência para com o cotidiano e rompendo com o estilo literário da época.

 "(...) caso encerrado,
o  barco do amor partiu-se na rotina.
Acertei as contas com a vida
inútil a lista
de dores,
desgraças
e magoas mútuas,
Felicidade para quem fica."
- Fragmentos do bilhete de suicídio de Mayakovsky 

Intensidade também é uma característica presente em suas poesias e na sua personalidade. Mayakovsky escrevia para a massas porque acreditava que "a poesia não é menos bela por ser útil". Por isso foi considerado o Poeta da Revolução.

A reunião desta quarta-feira, 22 de julho, terá como tema a poesia cubofuturista de Mayakovsky  e as vozes marginais que gritam o descaso social para com a periferia. O encontro acontece - EXCEPCIONALMENTE - nas salas 40's da Unesp/ Bauru, às 17h30. Até lá!

Cubo-Futurismo é tema do grupo de estudos do NeoCriativa


"O Viajante", Liubov Popova - 1915

O curto período de duração não tira a relevância do movimento. Inspirado no Manifesto Futurista de Marinetti e nos traços do Cubismo, o Cubo- Futurismo aconteceu em Moscou e S. Petersburgo entre 1912 e 1915. Os principais expoente pictóricos são Natalia Goncharova, Mikhail Larinov, Kazimir Malevich, Lyubiv Popova e Olga Rozanova, e a poesia de Vladimir Mayakovsky. 

A arte cubo-futurista é caracterizada pela interação de formas e ambientes, ação e o uso de letras e palavras na pintura, além do uso das cores fortes e ideias de velocidade e dinamismo herdadas do Futurismo, porém não glorificavam à maquina ou a guerra. Já a poesia de Mayakovsky, por sua vez, aproxima-se mais do cubismo com o linguajar cotidiano e transposição de imagem urbanas em palavras, com a fragmentação e justaposição, dando movimento à literatura. 

Tão interessante quanto observar o movimento é entender o contexto histórico que ele inspira: a Revolução Russa. Os ideais de ruptura e transgressão, a violência, o amor ao perigo e o desprezo pelo passado alimentaram o novo mundo idealizado pelos modernistas, com direito a mudança de sistema e a redefinição de papeis sociais entre os gêneros. 

A reunião desta quarta-feira, 14/07, discutirá o cenário que emoldura o cubo-futurismo. Junte-se a nós a partir às 17h30 na Sala de Reuniões do DCSO!

Música Independente: O território criativo da música em Bauru


Dentro dos eixos da Economia Criativa, percebe-se na cidade que a música pode se destacar

Show do GOG na Semana do Hip de Bauru 2014. Foto: Facebook 

Uma característica importante na atualidade dos movimentos culturais é sua presença na internet e apropriação de técnicas de mídia, difusão e registro. Isso é resposta direta do que chama Milton Santos de popularização da técnica e cognoscibilidade do planeta.

Para ele, a necessidade do mercado estabelece parâmetros para que a técnica, por meio de inovações técnicas funcionais, como os smartphones e a internet seja difundida. Essa situação amplia o acesso a informação, à velocidade na comunicação e à produção imaterial.

Os muitos Pontos de Cultura na cidade são reflexo de ação direta do governo federal em prol de organizações de cultura autônomas. Muitos deles estão ligados ao universo da música. Um exemplo é o Acesso Hip Hop, já lembrado nesse espaço como principal articulador do Hip Hop na cidade e talvez na região.

O Ponto de Cultura, desenvolvido a partir de uma ONG é parte do já antigo movimento em Bauru. Nos últimos anos, a transformação em Ponto de Cultura e a conexão com outros grupos de produção cultural tornou o movimento mais empoderado e comunicativo. Eles produzem artistas de vários segmentos, como dança, grafitti e rap. Os artistas de rap utilizam o estúdio e o espaço da Casa do Hip Hop, além de se empoderar de tecnologias sociais.

Muito por isso, existe um sólido grupo de artistas independentes dentro desse segmento em Bauru. É fácil comprar seus discos, e também é comum vê-los na agenda cultural do município. O Hip Hop tornou-se tão importante na identidade da cidade, que gerou uma lei municipal que institucionaliza, financia e garante anualmente a “Semana do Hip Hop”. Uma vitória do movimento e da Economia Criativa.

Entendemos como música independente os grupos em que o Núcleo Criativo, ou seja, o artista encontra-se no centro da produção e distribuição. Assim define a Secretaria Criativa a principal característica dos setores criativos.


O Funk e o Rock também são forças criativas da cidade e têm sido responsáveis por diversos eventos em Bauru. O funk articula festivais tanto na periferia quanto em casas de show próximas ao centro. Além disso conta com produtoras que garantem difusão regional, produção e difusão audiovisual. O Rock tem festivais anuais, como o Vitória Rock e o Rock do Bem, que promovem bandas da região e marcam a presença do gênero. O que é visto também na programação cultural de alguns bares da região central de Bauru.

O samba bauruense também se destaca pelo fato da presença de um carnaval já longínquo. Apesar de problemas estruturais e organizacionais, o Carnaval atrai enormes públicos para o sambódromo. Aliás, um aparelho público de cultura utilizado pela secretaria da cultura da cidade para sediar a festa do desfile das sete escolas de samba da cidade. Antigamente a Av. Nações Unidas cumpria esse papel. O sambódromo, no entanto, existe desde os anos 90.

As escolas de samba estão localizadas principalmente na periferia da cidade, e atraem os amantes do samba para a construção da identidade do samba local. Eles também se beneficiam do avanço da técnica devido à facilidade de gravação e difusão dos sambas, e também pela possibilidade de maior organização dos grupos. A cidade abriga junto às escolas alguns blocos de rua, que ampliam a força do samba no território criativo da cidade. Fora o carnaval, há o coletivo de samba local, que organiza rodas de samba semanais em Bauru.

Um território tão largo de música independente da cidade carece de políticas públicas municipais, que se manifestam em editais mas deixam a desejar no alcance aos grupos culturais. Um exemplo bem sucedido da cidade continua sendo o dos Pontos de Cultura, que articulam grupos que já existiam.

O desafio continua o de compreender as formas de inovação e respeitá-las, sabendo que suas formas de gestão de processos, pessoas e recursos estão em constante transformação. As conexões entre os grupos e a compreensão de sua anatomia, são dados necessários para o desenvolvimento de políticas públicas de cultura.

Publicado em Portal Participi.